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Literature Text
Oh, Castro Alves,
Eu não posso negar
Que sua luta e sua causa
Eram difíceis para triunfar
Gente de pele escura
Era tratada como animal!
Mas me diz, grande poeta:
Por que o animal – até hoje
É tratado como coisa qualquer?
Evoluímos, pois no século 21,
A turma de pele negra
Não é vendida, não é comprada
Tem sua liberdade pra lutar
Pra montar família e próprio lar
Ainda que essa luta
Seja muito dura
E por herança do passado,
Na minha faculdade pública (e aqui também?)
Não vejo
Os amigos do colégio público
Não tão claros como eu.
Hoje ninguém discorda:
Cor da pele não é desculpa
Pra botar corrente
Ainda que tenha tanta gente
Amontoada em presídio
Da família – ainda que distante
De Pelé, o nosso rei
Mas poeta, te pergunto a razão
Pra gente hoje, e de todas as cores
Botar na linha de produção
Pedaços de indivíduos peludos
Escravizados e executados.
Uns até lembram do "amor ao próximo" de Jesus
Reclamam da violência urbana
Mas fazem questão dos resultados
Da linha de produção:
Casacos de pele, blusas de lã,
Bolsas, sapatos de couro,
Tudo isso também é pele
Peluda ou escamada,
Pele, que já foi tão importante
Pra uns outros, que já se foram
(Só por vairdade humana)
Quanto sua pele, meu amigo, é pra você
Não importa sua cor
Meu amigo e minha amiga,
Sim, cuide da sua pele,
Passe protetor solar
Cremes e loções
Mas na loja deixe claro
"Não quero sangue inocente
Na minha roupa ou na minha beleza."
Pois é, nem aparece na embalagem
Cheia de moça bonita
De xampus, de cremes e loções.
Nem nas de detergente e remédio.
Mas tudo isso passou por cima
Da pele, do olho, e da garganta,
De um coelhinho orelhudo
(É, daqueles fofinhos da Páscoa)
Ou outro bicho inocente
Sem entender nada.
(Que que eu tô fazendo aqui?)
Mas poeta, te pergunto a razão
Pra gente hoje, e de todas as cores
Botar na linha de produção
Pedaços de indivíduos peludos
Escravizados e executados.
Uns até lembram do "amor ao próximo" de Jesus
Reclamam da violência urbana
Mas fazem questão dos resultados
Da linha de produção:
Hum... Mas que delícia!
Realmente, este pedaço de fígado tá muito bom.
E esse coraçãozinho então?
Divino!
Lógico. Não é o seu fígado.
Nem o coraçãozinho do seu filhinho.
O filhinho pra quem você fala:
Pega mais um bifinho! O franguinho!
Uma linguicinha! Um torresminho!...
Quero ver comer tudinho, heim?
E não esquece do peixinho!
- Que nem aquele do aquário, mamãe?
- Não, aquele é bonitinho. Esse aqui é pra comer. Tudinho.
O bifinho, o franguinho,
A linguicinha, o torresminho e o peixinho,
Não tem cara. Mas tinha.
A cara do boizinho, da vaquinha,
Da galinha, do porquinho e do peixinho.
Ou do boi, da vaca, da galinha,
Do porco e do peixe,
Depois de passar
Pela linha de produção.
Porque não tô mais falando com criança,
Tô falando com você, poeta,
Tô falando com você,
Humano gente grande sem racismo,
Humano gente boa sem preconceito.
E não esquece do leitinho da vaquinha,
Da vaca prisioneira
Que só engravida
Pra perder o filho
Pra fábrica de baby beef
Que só engravida
Pra perder o leite maternal
Pro café com leite e pão de queijo
Sem saber de nada.
(Que que eu tô fazendo aqui?)
E não esquece do ovinho da galinha prisioneira,
Na omelete, no ovo frito e no seu bolo,
Tá aí o pintinho que nunca vai nascer.
Tô falando com você,
Humano gente grande sem racismo,
Humano gente boa sem preconceito.
Eu não posso negar
Que sua luta e sua causa
Eram difíceis para triunfar
Gente de pele escura
Era tratada como animal!
Mas me diz, grande poeta:
Por que o animal – até hoje
É tratado como coisa qualquer?
Evoluímos, pois no século 21,
A turma de pele negra
Não é vendida, não é comprada
Tem sua liberdade pra lutar
Pra montar família e próprio lar
Ainda que essa luta
Seja muito dura
E por herança do passado,
Na minha faculdade pública (e aqui também?)
Não vejo
Os amigos do colégio público
Não tão claros como eu.
Hoje ninguém discorda:
Cor da pele não é desculpa
Pra botar corrente
Ainda que tenha tanta gente
Amontoada em presídio
Da família – ainda que distante
De Pelé, o nosso rei
Mas poeta, te pergunto a razão
Pra gente hoje, e de todas as cores
Botar na linha de produção
Pedaços de indivíduos peludos
Escravizados e executados.
Uns até lembram do "amor ao próximo" de Jesus
Reclamam da violência urbana
Mas fazem questão dos resultados
Da linha de produção:
Casacos de pele, blusas de lã,
Bolsas, sapatos de couro,
Tudo isso também é pele
Peluda ou escamada,
Pele, que já foi tão importante
Pra uns outros, que já se foram
(Só por vairdade humana)
Quanto sua pele, meu amigo, é pra você
Não importa sua cor
Meu amigo e minha amiga,
Sim, cuide da sua pele,
Passe protetor solar
Cremes e loções
Mas na loja deixe claro
"Não quero sangue inocente
Na minha roupa ou na minha beleza."
Pois é, nem aparece na embalagem
Cheia de moça bonita
De xampus, de cremes e loções.
Nem nas de detergente e remédio.
Mas tudo isso passou por cima
Da pele, do olho, e da garganta,
De um coelhinho orelhudo
(É, daqueles fofinhos da Páscoa)
Ou outro bicho inocente
Sem entender nada.
(Que que eu tô fazendo aqui?)
Mas poeta, te pergunto a razão
Pra gente hoje, e de todas as cores
Botar na linha de produção
Pedaços de indivíduos peludos
Escravizados e executados.
Uns até lembram do "amor ao próximo" de Jesus
Reclamam da violência urbana
Mas fazem questão dos resultados
Da linha de produção:
Hum... Mas que delícia!
Realmente, este pedaço de fígado tá muito bom.
E esse coraçãozinho então?
Divino!
Lógico. Não é o seu fígado.
Nem o coraçãozinho do seu filhinho.
O filhinho pra quem você fala:
Pega mais um bifinho! O franguinho!
Uma linguicinha! Um torresminho!...
Quero ver comer tudinho, heim?
E não esquece do peixinho!
- Que nem aquele do aquário, mamãe?
- Não, aquele é bonitinho. Esse aqui é pra comer. Tudinho.
O bifinho, o franguinho,
A linguicinha, o torresminho e o peixinho,
Não tem cara. Mas tinha.
A cara do boizinho, da vaquinha,
Da galinha, do porquinho e do peixinho.
Ou do boi, da vaca, da galinha,
Do porco e do peixe,
Depois de passar
Pela linha de produção.
Porque não tô mais falando com criança,
Tô falando com você, poeta,
Tô falando com você,
Humano gente grande sem racismo,
Humano gente boa sem preconceito.
E não esquece do leitinho da vaquinha,
Da vaca prisioneira
Que só engravida
Pra perder o filho
Pra fábrica de baby beef
Que só engravida
Pra perder o leite maternal
Pro café com leite e pão de queijo
Sem saber de nada.
(Que que eu tô fazendo aqui?)
E não esquece do ovinho da galinha prisioneira,
Na omelete, no ovo frito e no seu bolo,
Tá aí o pintinho que nunca vai nascer.
Tô falando com você,
Humano gente grande sem racismo,
Humano gente boa sem preconceito.
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Poema iniciado em 1° de maio de 2010 (no hospital) e concluído em 26 de junho daquele ano, véspera do 1° Sarau Anual de Direitos Animais, em São Paulo, onde foi declamado.
Publico o texto aqui hoje em homenagem ao poeta abolicionista Castro Alves, que completaria neste dia 165 anos de idade (caso isso fosse possível, eheh). Hoje é também o Dia Nacional da Poesia, em honra ao seu nascimento.
Outras peças literárias
Obras visuais de destaque
Publico o texto aqui hoje em homenagem ao poeta abolicionista Castro Alves, que completaria neste dia 165 anos de idade (caso isso fosse possível, eheh). Hoje é também o Dia Nacional da Poesia, em honra ao seu nascimento.
Outras peças literárias
Poema Monetario Tem coisa que parece mais antipoética que dinheiro?
Mas uma carteira é extremamente poetica.
(Quantas dúvidas!)
Dinheiro é força cósmica imaterial.
Economia é arte da felicidade.
Por mais que aquelas notas numeradas e metálicas pareçam tão materiais.
Dinheiro só mostra
Impulsos daqui de dentro
Seja de fome, de gula, tão ansiosa
Seja de um brilho repentino que vem do brinco, do chocolate, do shopping
Do curso de arte, do cinema, do celular
Expectativa
Eterno dilema,
Vaporizar com prazeres delícias presentes agora já
Construir habitar montar viajar futuro tã
Soneto Apos Cirurgia Viva, acordei! Não é milagre a vida?
Cruzei oceanos até o outro lado
Deste mundo fascinante e sem saída!
(Menos foguete e espiritualizado!)
Escalei o Monte Fuji até o alto,
Ganhei túnica de amigo afegão,
Conheci galera da favela
Até o Lula apertou a minha mão...
Fui peão de fábrica e professor,
Jornalista, pra o mundo conhecer!
Busco experiências de vida e amor.
Ah, mas faltava o hospital pra aprender
Mortalidade, serenidade, espiritualidade
Por desafios tão corporais como lazer!
Bola de Gude Um dia fui parar em Londres
Daquelas que temos na imaginação
Cheia de névoas e edifícios clássicos
Edifícios que parecem castelos --como são mesmo, eu vi!
Meus óculos ficaram embaçados com esse fog, essa neblina
Eu tentei limpar, mas não consegui.
Limpei muitas vezes, mas meus descolados óculos
Azul e laranja
Não paravam de embaçar.
Eu me lembrei que na infância,
Antes dos meus 12 anos,
Óculos não usava não.
Assim, fui depois parar na papelaria,
Daquelas da infância,
Onde a gente compra todo tipo de papel que a professora pede
Pras ativida
Obras visuais de destaque
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caramba, sem palavras...